quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Salar Solar Saler



Andámos sobre um deserto de sal, sem percebermos bem se se tratava de um vestigio de um imenso lago salgado ou da transpiração das montanhas.
Por onde olhássemos : branco. Branco. Branco. Azul.
As outras cores das lagoas recusaram entrar honestamente na nossa máquina fotográfica, mas elas estavam lá bem presentes : vermelho-algas, verde magnésio, ou zinco (ou quê), ocre montanha...
Vimos vicuñas e elas viram-nos também. E flamingos rosa. Todos os animais em liberdade (nós incluidos).
Jogámos à bola em casa das lamas, mas ganhámos com uma margem considerável.
Contornámos vulcões. Adormecidos e acordados. E prometemos que um dia nadaríamos na cratera do Licancabur. Como na televisão.
Dormimos, pouco, entre muros de sal. Gelámos à aurora nas margens da lagoa colorada.
Fugimos do frio negativo, mesmo quando nos aproximámos dos geisers do sol da mañana. E contra todas as expectativas, cozemos nas águas termais : al dente. Mas teriamos ficado bem mais um pouco.
E no final, tudo começou ou recomeçou, do outro lado das montanhas do Chile.
No deserto de Atacama.

Nous traversâmes un désert de sel, sans bien comprendre s'il s'agissait du vestige d'une mer ou de la sueur des montagnes. Où que nous scrutassions : du blanc. Du blanc. Du blanc. Du bleu.
Nous vîmes des vigognes et elles nous virent aussi. Et des flamants roses. Toutes ces bêtes, en liberté (nous compris). Au football, le troupeau de lamas jouait à domicile mais nous gagnâmes confortablement. 
Les autres couleurs des lagunes refusèrent d'entrer dans notre appareil photo, mais elles étaient bien là : rouge algues, vert magnésium ou zinc (ou quoi), bleu azur, ocre montagne... Nous contournâmes des volcans endormis, et nous nous promîmes qu'un jour nous nagerions dans le cratère du Licancabour, ce serait comme à la télé.
Nous dormîmes peu entre les murs de sel, nous gelâmes à l'aurore au bord de la Laguna Colorada, mais nous comprîmes notre mérite parmi les fumerolles du Sol de Mañana, puis nous cuisîmes dans une source chaude, al dente mais nous serions bien restés.
Et à la fin, commença le Chili, en pente douce vers le désert d'Atacama.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Pampas bolivianas


São rosas, senhor. E pode-se nadar com eles.
Na convidativa água castanha-morna do rio Yacuma. Com alligators inofensivos a observar. Caïmans e piranhas que pararam na curva a seguir. Juro. Mergulhem, estes golfinhos não esperam !
Quando nada o indica, descobrimos os nossos limites, num inocente passeio de barco. Fizemos fotos de tudo e filmes dos mais timidos, mas continuámos secos.
Pescamos piranhas, que comemos com todos os dentes ao jantar. Recebemos ameaças cara a cara de macacos sapajous. Procuramos nos pântanos anacondas e encontramos cobras.
Mudamos de planos por causa de caïmans no nosso caminho. Somos pessoas flexíveis, afinal de contas.
No caminho de casa, vimos um casal de capivaras a passearos filhos ao pé do rio Yacuma, ao bordo um alligator sem fome. Felizmente não vimos tudo sobre a cadeia alimentar. Algumas aprendizagens podem ficar na teoria. Ou para depois.
Assistimos à marcha nupcial dos passaros do paraiso. Apreciamos o estilo vintage fora de prazo dos marabouts.
Dormimos com rãs no quarto e outros insectos que não nos atrevemos a identificar.
No tecto da casa, encontramos um macaco capucino com cara de preocupado.
Não havia cappuccino. Nem net. Nem electricidade. Nem água corrente.
Três dias. 35°C temperatura. 95% humidade relativa. 0 duches.
Assim é a natureza, provavelmente lá voltaremos um dia.


Mesdames et messieurs, ils sont roses et vous pouvez nager avec eux.
Dans l'eau tièdasse et brunâtre de la rivière Yacuma.
Sous le regard des alligators, inoffensifs. Les caïmans et les pirañas se sont arrêtés au virage précédent.
Plongez, les dauphins n'attendent pas ! On rencontre nos limites au détour d'une innocente balade en barque. Nous avons tout photographié et tout filmé, mais nous sommes restés au sec.
Nous avons pêché des pirañas, que nous avons grignottés du bout des dents au dîner. Nous avons reçu des menaces de sapajous, les yeux dans les yeux. Nous avons fouillé les marécages à la recherche de l'anaconda, et nous avons trouvé un cobra.
Bien souvent, nous avons vu des bébés capivaras traîner à côté d'alligators sans appétit. Heureusement, la chaîne alimentaire ne nous a pas donné à observer tous ses maillons. Certains apprentissages peuvent rester théoriques, ou rester de côté pour plus tard.
Nous avons assisté à la saison des amours des oiseaux de paradis (comme quoi), apprécié le style ringard et néanmoins majestueux des marabouts, et Tiago en voyant le martin pêcheur a décidé que ce n'était plus son oiseau préféré (??)
Nous avons écourté notre randonnée pour ne pas déranger la sieste d'un caïman, après tout, on n'est pas des gens si butés.
Nous avons dormi avec des grenouilles sous le lit et des insectes qu'on ne s'est pas attardé à classifier.
Sur le toit de la maison, on a trouvé un singe capucin avec un air soucieux. Y'a pas eu de cappuccino. Ni de bande passante. Ni d'électricité. Ni d'eau courante. 3 jours. Température de 35°C. Humidité relative de 90%. 0 douche.
C'est ça la nature. On y retournera peut-être un jour.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

¡Que viva el Peru, señores! (2)


Acontece que esta viagem está a transformar alguns membros da família.
Inesperadamente, a pessoa que aparentava ser a melhor garantia de conservadorismo, está claramente a perder as suas referências : a Júlia é agora peruana.
Vestida com roupas tradicionais do lago Titicaca, é recebida pelos locais de braços abertos - é claramente mais perturbador para os gringos,  ela não deve entrar na checklist.
Logo se verá o que é que isto vai dar em Pequim ou em Lisboa.

Mas, vendo bem, é evidente que cada um de nós, já foi baralhado por esta ultima parte da viagem ao Peru. Que outra coisa seria de se esperar, depois desta quinta fatídica semana sabática ?
A falha sísmica começou em Cusco, com fluxos cósmicos residuais de Coriquancha ou de Ollantaytambo, a menos que tenha sido dos gazes dos tubos de escape das moto-taxis que nos transportaram no Vale sagrado. O Machu Picchu colocou-nos bem as cabeças nos ombros e nas nuvens. Em Raqchi, em "casa do habitante", sentimo-nos como em nossa casa. Ou na de Pachamama. No lago Titicaca, entre água, escadarias sem fim, ilhas flutuantes e falta de oxigénio, os equilíbrios e as altitudes transformam-se. A descontracção é uma regra de vida.
Sim, ainda mais do que antes.

Corremos agora para a Bolívia. Será mesmo verdade que passamos um mês no Peru ?
O senhor agente da fronteira confirma : o prazo de validade do visa está a expirar.


Il se trouve que ce voyage est en train de changer certains membres de la famille. Étrangement la personne qui semblait être la meilleure garante de conservatisme est clairement en perte de repère : Julia, dans un élan de coquetterie ou de pudeur, est devenue péruvienne.
En habits traditionnels du lac Titicaca, les locaux l'accueillent chaleureusement. C'est nettement plus perturbant pour les gringos, elle ne doit pas rentrer dans la checklist. On verra ce que ça donne à Pékin ou à Paris.

Mais, à bien y regarder, il est vraisemblable que chaque équipier ait déjà été un peu chamboulé par cette dernière partie du voyage au Pérou. A quoi pouvait-on s'attendre, au-delà de la fatidique 5ème semaine de congé bien méritée ? La brèche aurait été ouverte à Cusco, par les flux cosmiques résiduels du Coriquancha ou d'Ollantaytambo, à moins que ce ne soit les gaz pétaradants des moto-taxis qui nous ont emportés dans la Vallée Sacrée. Machu Picchu a bien remis les têtes (de touristes) sur les épaules, et dans les nuages. A Raqchi chez "l'habitant", on s'est crus chez nous, ou chez Pachamaman. Au Lac Titicaca, oscillant entre eau, roseaux, escaliers, et privation d'oxygène, les équilibres et les attitudes se transforment, la nonchalance devient une règle d'hygiène. Eh oui encore plus qu'avant.

On file maintenant vers la Bolivie. On a vraiment passé un mois au Pérou ? Le douanier nous confirme : visa presque expiré, mais à charge de retrouvaille.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

¡Que viva el Peru, señores! (1)


Como queríamos, mergulhámos na viagem : mal de mar nas ilhas Ballestas, el soroche ou mal de altitude na Cruz del Condor, mal de altitude ao sobrevoarmos as misteriosas linhas de Nasca, mal na barriga um pouco por todo o lado, e mesmo uma forma de saudade-mal-do-país, por parte de um certo membro da equipa, que reclamou os seus brinquedos.

E no entanto, deixamo-nos encantar pelos nossos primeiros leões marinhos nas ilhas Ballestas, as nossas primeiras vicoñas nas colinas do El Misti, as nossas primeiras mumias Paracas, o nosso primeiro muro Inca, o nosso primeiro porquinho da India grilhado, o nosso primeiro rebanho de lamas e alpacas nas pampas.

A viagem continua. E algo nos diz que ainda não acabámos de ser seduzidos...

Alors, ça y est, on est en plein dedans : mal de mer aux îles Ballestas, mal de montagne à la Cruz del Condor, mal de l'air au dessus de Nasca, mal au ventre un peu tout le temps, et même une forme de mal du pays, pour un certain membre de l’équipe qui a réclamé ses jouets. On a eu tout ça, au cours de ces deux premières semaines au Pérou.

Et pourtant, on tombe sur le charme de nos premières otaries du Pacifique, nos premières vigognes sur les pentes d'El Misti, nos première momies Paracas, notre premier mur Inca, notre premier cochon d'Inde grillé. 

Pour des petites natures comme nous, on n'a pas fini de s'émerveiller.

sábado, 20 de setembro de 2014

Vai Brasil


Tudo o que esperávamos e mais surpresas. Assistimos ao pôr do sol no alto do Pão de Açúcar. Cruzámo-nos com anjos em carne e osso e plumas em Paraty. E depois com macacos sagui, como se fossem pombos, em pleno Rio. Atravessámos, sem tremer, uma ponte suspensa por pouco mais do que fio dental : em baixo pedras e a água que vinha do Poço do Tarzan. Subimos e descemos montanhas cobertas de raizes e rochedos por todos os lados, e quase ao tombar da noite, vimos uma família de macacos bugio a passar nas árvores em cima de nós. Silenciosa. Fizemos uma mudança de casa numa carroça puxada a uma mula, que o condutor insistia que era um cavalo para não baixar o preço. Descemos uma cachoeira como se fosse um escorrega. Fomos atropelados por um cardume de peixes-sargento.
A vida quotidiana.
Viajamos agora para o Peru, mas já estamos morrendo de saudade.


Ce que nous espérions, et aussi un peu plus. Nous avons assisté au coucher du soleil du haut du Pain de Sucre. Nous avons rencontré des anges en chair et en os et en plumes, et puis des singes sagui en pleine ville, comme si c'était des pigeons. Nous avons grimpé et dévalé des montagnes de racines dans tous les sens, sans râler. Nous avons traversé des rivières sur des ponts suspendus par du fil dentaire (ou presque), sans frémir. Nous avons descendu une rivière sur les fesses. Nous avons déménagé en charrette tirée par une mule. Nous avons été pris dans une bousculade de poissons sergent.
Bref, la vie quotidienne.
Nous sommes maintenant partis pour le Pérou mais la saudade nous rattrape déjà.

domingo, 14 de setembro de 2014

O Rio de Janeiro continua lindo


Este princípio de viagem seria uma batota, se estivéssemos a jogar um jogo com regras. Não existe quase esforço linguístico a fazer, há baloiços e escorregas em cada esquina, o trabalho escolar avança a passo de caracol, os ônibus saem à hora, as malas perdidas encontram-se a elas mesmas, os lençóis anti insectos continuam guardados e o chopp está gelado. 
Uma partida ao ritmo da bossa nova : a Julia sabia do que estava a falar, quando sugeriu começarmos pelo Rio. Valeu.

Admettons que ce voyage commence un peu par de la triche (s'il y avait une règle du jeu). Pas un énorme effort linguistique à fournir ; des balançoires et toboggans à chaque coin de rue ; les bus à l'heure ; des bagages perdus qui se retrouvent tout seuls ; les draps anti-insectes encore au fond du sac ; le chopp bien frais. Bref, démarrage en douceur, et une suggestion pertinente de Julia de commencer par Rio de Janeiro.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

J-6

Neste momento, a nossa ideia é esta. Mais coisa, menos coisa.

À ce stade, voici à quoi ressemble le projet dans nos esprits.



* Friendly Fires - Paris